“Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu próprio consentimento”.
Eleanor Rooservelt (1884-1962)
Os resultados de um estudo feito na UNICAMP, em 2010, com o objetivo de refletir sobre o bullying na escola brasileira apontam para um número grande (60%) de vítimas que se sentem menosprezadas pelos seus pares. Acompanhe como esse fenômeno de agressão física e moral pode ser combatido.
Cotidianamente, educadores se deparam com o problema comum nas escolas: a violência entre os alunos. Uma dessas formas de violência hoje tem sido alvo de investigações e de melhor compreensão de suas características: o bullying. No livro El Bullying: la intimidación y maltrato entre iguales (2002), de J. Martinez, a palavra “bully”, do inglês, significa “aquele que é valente”, sentido ligado às condutas relacionadas a intimidação, agressão, tiranização, ameaças e insultos sobre uma vítima de quem ocupa tal papel.
Hoje em dia, a palavra também se emprega para considerar o assédio que uma pessoa ou um grupo pratica. Por outro lado, no Japão, o termo que se utiliza para a palavra é “ljime”, ou “ljime-ru” (quando agressão verbal). No entanto, o mais significativo da definição japonesa é a confluência de três características: os agressores têm uma posição dominante, os atos causam sofrimento mental e/ou físico e ocorrem entre iguais.
Identificamos o bullying a partir de condutas agressivas entre estudantes, com tipos distintos de agressão e manifestando-se por meio do exercício de ações negativas de um sobre o outro. É importante ter em mente que, em todos os casos de bullying, há um (ou mais) autor mal intencionado querendo causar dano a uma vítima, os alvos de bullying.
Os alvos, geralmente, são sujeitos excessivamente acanhados e tristes, apresentando alguma característica culturalmente estabelecida que os destoam do grupo social de que fazem parte: a cor do cabelo, o tipo físico, a opção sexual etc. Além disso, o autor do bullying agride o alvo em frente a espectadores durante um período de tempo tal para que seja uma violência recorrente.
A explicação de que a diferença culturalmente estabelecida seria a causa para a escolha intencional e repetida de um mesmo alvo para os ataques de seus algozes não é a melhor. Meninos e meninas que se tornam alvos de bullying parecem concordar com a humilhação que recebem, não tendo forças para superá-la. Esses têm um cotidiano de sofrimentos por manter uma imagem empobrecida de si.
Por isso, é aconselhado detectar esse problema, diferenciando-o de brincadeiras agressivas, incidentes pontuais ou brincadeiras relacionadas ao processo de amadurecimento do jovem, pois o caso é diferenciado: um escolar se vê submetido a atos negativos de outros escolares quando sofre violência de forma repetitiva e prolongada.
Formas de reversão
Conseguir refazer essa imagem empobrecida que o alvo de bullying faz de si não é algo fácil. É por isso que os pais devem sempre estar junto dos professores e dos coordenadores da escola para saber como é, verdadeiramente, a vida social do seu filho na escola. Se a criança não quer mais ir à escola, sofre queda no desempenho escolar, volta com menos dinheiro do que deveria, chega em casa machucada, prefere se isolar no quarto e não gosta de comentar sobre os assuntos escolares, é importante conversar e saber os motivos dessas mudanças de comportamento.
Em geral, quando a criança sofre bullying por um longo período, ela aceita essa conduta dos colegas e não é capaz de se indignar com essa situação. Muitas vezes sozinha e sem amigos para a apoiarem, a criança se isola socialmente e prefere não comentar sobre o assunto com ninguém.
Muitas vezes preocupados com o conteúdo escolar, esses atos de bullying passam despercebidos pelos professores da escola, os quais, muitas vezes, são também responsáveis por chacotas feitas aos alunos. “Brincadeiras” de professores, como apelidos, podem ser um estopim para que os alunos achem normal tratar seus colegas de sala da mesma forma.
O bullying, hoje, é um grande problema nas escolas do mundo todo. A intervenção deve vir dos pais, da escola e dos envolvidos, com ações sociais e psicológicas que consigam que os envolvidos se indignem com a situação e tentem revertê-la.
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Nota deste blog
Considerando que o assunto bullying está nas manchetes de jornais e se torna a cada dia uma preocupação para pais e educadores, voltamos a abordá-lo em nosso blog. Seria de grande relevância ouvir a opinião de nossos leitores a respeito.
Podemos acreditar que um dia as pessoas deixarão de praticar maldades, bullying, intimidação, para com os seus semelhantes. Eu quero acreditar que um dia será assim, mas a história do mundo conta que desde sempre alguns homens exploraram, maltrataram e procuraram destruir outros, quer seja porque pareçam frágeis quer seja porque têm valor que eles reconhecem mas não querem que seja reconhecido pelos próprios.
ResponderExcluirPenso que a forma de uma pessoa se defender do bullying é não deixar que o seu objectivo seja atingido. Ou seja, além de pensarmos como impedir o bullying devemos ensinar as pessoas a defenderem-se do bullying por métodos de não-agressão, sem se deixarem humilhar, quebrar e fragilizar.
Para isso, é preciso muita coragem interior, é muito mais fácil dizer do que fazer e existem certamente limites para aquilo que uma pessoa é capaz de suportar sem se deixar ir abaixo ou destruir.
No entanto, acredito que a valorização pessoal é o caminho e que a cada passo que a pessoa dá ganha mais força.
Esta é a mensagem que gostaria de deixar a pessoas que estejam a ser alvo de bullying.
Obrigada