30 de abril de 2011

Qualidade de Ensino & Remuneração do Professor






Ao longo da nossa experiência como gestor educacional pudemos testemunhar que a remuneração do professor é o aspecto primordial para que a qualidade de ensino seja plenamente alcançada por uma instituição de ensino. O professor bem remunerado se mostra sempre motivado para executar o seu trabalho, conseguindo superar todas as eventuais dificuldades que possam ocorrer pela falta de uma boa estrutura física – salas de aulas, laboratórios, bibliotecas, espaços de convivência, etc., e até mesmo o número elevado de alunos em sala de aulas.

Recente artigo publicado no site Uol-Educação (1), sob o título “Professor Motivado pode compensar salas maiores”, confirma que “Investimentos elevados em salários de professores tendem a elevar a qualidade da educação, segundo os resultados do último Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), de 2009, que aplicou provas de matemática, leitura e ciência em 65 países”.

A reportagem afirma que os resultados auferidos têm como parâmetro os bons resultados alcançados pelo Japão e Correia do Sul que “que empregam mais dinheiro em pagamentos melhores que em classes menores“. Já entre países que preferem investir em turmas pequenas (o Pisa não cita uma média de alunos por classe), as notas são menos homogêneas”.

O referido artigo traz uma contribuição de Silvia Gasparian Colello, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), para as qual “as dinâmicas de ensino do professor podem compensar turmas com maior número de estudantes. São métodos de trabalho descentralizados, em que o aluno é produtor, e não receptor de informações. Ou seja, o docente deixa de ser a figura que está em sala de aula para passar conhecimentos aos estudantes, mas para criar situações em que ele possa pesquisar. É claro, no entanto, que não estou advogando que o professor deva ter classes com cem alunos”.

Segundo dados oficiais, no Brasil, o professor da educação básica, em geral, tem renda 40% menor que a remuneração média de um trabalhador com o mesmo nível de escolaridade e os alunos de pedagogia são, em geral, aqueles com menor nota no vestibular ou no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). “As carreiras da licenciatura vão para pessoas que tiveram mais dificuldades. Os países que oferecem melhores salários para os professores acabam cooptando boas cabeças para lidar com a educação. E elas fazem mágica”, afirma a educadora da USP antes citada.

O baixo salário pago ao professor no Brasil está, segundo alguns analistas do mercado, colocando em risco de extinção essa profissão. Tal assertiva se baseia em pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas, que apontou ser de apenas 2%, dos quase dois mil estudantes do 3º ano do ensino médio entrevistados, que têm como primeira opção no vestibular graduações diretamente relacionadas à atuação em sala de aula. No ano passado, o Censo da Educação Superior descobriu que cursos ligados à formação de professores têm relação candidato/vaga alarmante: enquanto medicina aponta uma média de 21,8 candidatos competindo por uma vaga, os cursos de formação de professores não ultrapassam 1,4.

Esse quadro desalentador atinge todos os níveis e no ensino privado e público, numa demonstração de que estamos ainda muito longe de ser um país em que a educação é tratada como investimento e não despesa.

"Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido."

(Sir Arthur Lewis)

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