15 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO







O nosso blog é acessado por muitos gestores, professores e alunos do ensino superior. Da mesma forma, por executivos de médias e grandes empresas. Para atender esse público em especial, mas também pais e mães, hoje preocupados com a educação e o futuro profissional de seus filhos, trazemos um artigo que aborda a questão da educação no mundo e no Brasil com grande profundidade.

Vale a pena ler:
O cubano Paco, de 60 anos, é motorista de uma operadora turística em Havana. Formação acadêmica? Engenharia naval. Durante a Guerra Fria, estudou graças à cooperação educacional que a então União Soviética prestava a Cuba.

Em aulas traduzidas de um professor russo para o espanhol, aprendeu a estruturar barcos quebra-gelo. Seu livro-texto era um manual soviético dos anos 40. Paco aprendera uma tecnologia ultrapassada, sem pertinência para Cuba.

O espanhol José Alonso tem 28 anos. Cresceu na classe média de Valência. Estudou ciência da computação. Estagiou na IBM. Teve uma pontocom que não durou muito. Fez mestrado nos EUA. Voltou à Espanha há dois anos. Está desempregado. Sua hora de programação custa no mercado espanhol US$ 50.

Possíveis empregadores recorrem a free-lancers no Vietnã ou Paquistão por US$ 5 a hora. Argentina e Uruguai têm educado sua população há mais de 100 anos. Ainda assim, começaram o século XXI em pior forma do que o XX. Formaram cidadãos cultos, politicamente conscientes. Mas economicamente pouco competitivos.

A globalização está criando um duro desafio para a ideia de educação como panaceia aos problemas de um país. Hoje, além da pertinência e atualidade, é um certo enfoque dos conhecimentos que capacita à competitividade no século XXI: a educação para o empreendedorismo.

Não devemos entender, como se faz muito no Brasil, que empreender é sinônimo de abrir uma franquia ou mesmo ter seu próprio negócio.

Empreendedorismo é a ação individual, com vistas à agregação de valor, que almeja quebrar a inércia de uma determinada entidade (empresa, governo ou Organização Não Governamental) mediante atuação essencialmente inovadora.

Como bem mostram estudos recentes de The Economist, a rotina é o pior inimigo da empregabilidade. Tudo o que pode ser "rotinizável" corre o risco de transformar-se em matéria-prima para algoritmos que delineiam os contornos da rotina e a traduzem em software.

E daí substituir - com vantagens - o trabalho humano. Assim, carreiras lineares do começo da vida adulta ao embranquecimento dos cabelos, dentro ou fora de uma única empresa, serão cada vez mais raras.
Esse é um dilema para o Brasil. O grande empregador da economia é o governo em seus vários níveis administrativos. Combatemos o mal presente do desemprego com a hipertrofia dos quadros estatais.

Com a carga tributária desproporcional às contrapartidas de serviços básicos no país. Com os juros mais altos do mundo. Com um influxo de investimento estrangeiro direto que não será eterno.

Para engendrar essa nova educação para o empreendedorismo, é cada vez mais estratégica a relação umbilical escola-empresa.

Esta proximidade conceitual, com a ênfase nos aspectos empreendedores, deve ser acompanhada da proximidade física, com a estruturação crescente de unidades educacionais em regiões geograficamente densas em empresas de base tecnológica, os chamados "clusters".

É assim que agregaremos nos mais variados programas de escola secundária e universitária a técnica e visão empreendedoras que permitam a médicos, contadores, engenheiros e químicos abordar cada desafio com inovação.
Fonte:
Marcos Troyjo é professor do Ibmec e pesquisador da Universidade Paris V-Sorbonne

Fonte:
Jornal Brasil Econômico.br


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