12 de dezembro de 2011

Seu Pendrive tem Blutufe?





  



História bem contada,    mostrando a rapidez da modernidade, difícil, quase impossível, para as    madurinhas e os madurinhos acompanharem! Não deixem de ler!  

Oswaldo tirou o    papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:

Moça, vocês têm    pendrive?

    Temos, sim.

O que é    pendrive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.

Bom, pendrive é    um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.

Ah, é como uma    disquete...

    Não. No pendrive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. A disquete, que nem existe mais, só    salva texto.

Ah, tá bom. Vou    querer.

    Quantos gigas?

Hein?

    De quantos gigas o senhor quer o seu pendrive?

O que é giga?

    É o tamanho do pen.

Ah, tá. Eu    queria um pequeno, que dê para levar no bolso sem fazer muito volume.

    Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele    pode arquivar.

Ah, tá. E    quantos tamanhos têm?

Pode ter 2; 4;    8; 16 gigas...

Hmmmm, meu filho    não falou quantos gigas queria.

Neste caso, o    melhor é levar o maior.

Sim, eu acho que    sim. Quanto custa?

Bem, o preço    varia conforme o tamanho. A sua entrada é USB?

Como?

    É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.   

USB não é a    potência do ar condicionado?

Não, isso é BTU.   

Ah! É isso    mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.

    USB é assim ó: com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador.    O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o    pino no buraco redondo. O seu computador é novo ou velho? Se for novo é    USB, se for velho é P2.

Acho que o meu    tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra da disquete?    Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro    computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e    quadrados. Era bem mais simples, não acha? Os de hoje nem têm mais entrada    para disquete. Ou é CD ou pendrive.

    Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.

    Quem sabe o senhor liga pra ele?

Bem que eu    gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda nem    aprendi a discar.   

    Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone! Este é bom mesmo! Tem Bluetooth,    woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica,    flash, filmadora, radio AM/FM, TV digital, dá pra mandar e receber e-mail,    torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless....

Blu... Blu...    Blutufe? E micro-ondas? Dá prá cozinhar com ele?

    Não senhor. Assim o senhor me faz rir. É que ele funciona no sub-padrão,    por isso é muito mais rápido.

Pra que serve    esse tal de blutufe?

    É para um celular comunicar com outro, sem fio.

Que maravilha!    Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os    outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio    em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...

Não, já vi que o    senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do    seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.

Ah! E antes    precisava de fio?

Não, tinha que    trocar o chip.

Hein? Ah, sim, o    chip. E hoje não precisa mais chip...

Precisa, sim,    mas o Bluetooth é bem melhor.

Legal esse    negócio do chip. O meu celular tem chip?

    Momentinho... Deixa ver... Sim, tem chip.

E faço o quê,    com o chip?

    Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.

Sei, sim,    portabilidade, não é? Claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão    simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de    fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...

Nããão! É tudo muito    simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o    número dele. Isso. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão    verde... pronto, está chamando.  

Oswaldo segura o    celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro    planeta:

Oi filho, é o    papai. Sim. Diz-me, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o    nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem    outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É??? Que loucura!!!  

    Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive.

Que idade tem seu    filho?

Vai fazer dez em    março.

    Que gracinha...

É isso moça, vou    levar um de quatro gigas, com conexão USB.

    Certo, senhor. Quer para presente?  

Mais tarde, no    escritório, examinou o pendrive, um minúsculo objeto, menor do que um    isqueiro, capaz de gravar filmes! Onde iremos parar? Olha, com receio, para    o celular sobre a mesa. "Máquina infernal", pensa. Tudo o que ele    precisa é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um    equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista    saberá compreender.

    Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona. O    garoto insere o aparelho e na ecrã abre-se uma janela. Em seguida, com o    mouse, abre uma página da internet em inglês. Seleciona umas palavras e um    'heavy metal' infernal invade o quarto e os ouvidos de Oswaldo. Um outro    clique e a música termina.  O garoto diz:

-Pronto, pai, baixei a música. Agora eu levo o pendrive para qualquer lugar    e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por    exemplo.


Teu celular tem    entrada USB?

É lógico. O teu    também tem.

É? Quer dizer que eu    posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?

    Se o senhor não quiser baixar direto da internet...

Naquela noite, antes    de dormir, deu um beijo em Clarinha e disse:

Sabe que eu tenho    Blutufe?

Como é que é?

Bluetufe. Não vai me    dizer que não sabe o que é?

    Não enche, Oswaldo, deixa eu dormir.

Meu bem, lembra como    era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador,    toca-discos tocava discos e a gente só tinha que carregar num botão, para    as coisas funcionarem?

Claro que    lembro, Oswaldo. Hoje é bem melhor, né?

    Várias coisas numa só, até Bluetufe você tem. E conexão USB também.

    Que ótimo, Oswaldo, meus parabéns.

Clarinha, com tanta    tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em    quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.

    Ué? Por quê?

Porque eu     aprendi a usar computador e celular e tudo o que sei já está ultrapassado.

Por falar nisso    temos que trocar nossa televisão.

Ué? A nossa    estragou?

    Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.

Tudo isso?

    Tudo.

A nova vai ter    blutufe?

    Boa noite, Oswaldo, vai dormir que eu não agüento mais...

NOTA:

Recebi por e-mail do meu amigo Dr. Caio, advogado de Garça, São Paulo. Não resistir e resolvi publicar no meu blog.

E a mensagem final:

O autor é    desconhecido, mas pode ser algum de nós, ou alguém, que nasceu nos anos 40,    50, 60, até nos 70.

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