As estatísticas demonstram que enquanto o número de pessoas desempregadas em nosso país é um dos mais altos em todo mundo, a escassez de mão de obra especializada nos conduz a importar técnicos de outros países, numa demonstração de que a educação em nosso país precisa ser repensada.
Se hoje podemos comemorar por estarmos numa posição privilegiada no que diz respeito ao enfrentamento da última crise econômica que abalou o mundo, não se pode atribuir essa vitória graças aos investimentos que foram feitos na área educacional.
No mundo globalizado em que hoje vivemos, onde a concorrência acirrada apenas beneficia àqueles que investiram em educação, não podemos continuar sobrevivendo apenas com a venda de nossos recursos primários e de alguns produtos manufaturados com tecnologia e mão de obra importada.
China e Índia, países até bem pouco tempo ignorados do cenário das nações em desenvolvimento, hoje assombram a todos graças aos investimentos que fizeram na educação.
Apesar de alguns avanços no desenvolvimento científico e tecnológico, o Brasil ainda recente de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho. Recente pesquisa demonstra que de um total de mais de 9 milhões de pessoas em busca de emprego, apenas pouco mais de 1,5 milhão possui qualificação adequada aos novos postos de trabalhos que surgem.
Tal constatação tem relação direta com a baixa escolarização do povo brasileiro e da falta de investimentos na área educacional. Hoje. entre a população com 25 a 43 anos, apenas 10% completaram a educação superior. Voltando nosso foco para o ensino médio, veremos que apenas 50% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio.
Durante a 4ª Conferência Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) , o engenheiro Francis Bogossian, afirmou que "O Brasil tem a oportunidade, nos próximos 10 anos, de consolidar-se no cenário mundial como um país de produção bastante arrojada. Mas a palavra chave para galgarmos este desenvolvimento produtivo é sem sombra de dúvida a Educação”.
Dados obtidos na citada conferência, demonstram que é ainda a preocupante deficiência quantitativa da capacitação em áreas estratégicas para o desenvolvimento pleno do país. Diante disso, constatou-se que apenas 10% dos egressos do nível superior têm formação em ciências e engenharias. Na China, este percentual sobe para aproximadamente 40.
Diante desses dados, podemos afirmar que existe um apagão de mão de obra especializada no país, decorrente não só da falta de investimentos na educação, mas em face de uma cultura de que o ensino profissionalizante é para aquelas pessoas que não têm oportunidade ou capacidade para realizar um curso superior.
Na contramão desse conceito verificamos no blog de Laudizio Marquesi , um artigo que demonstra a importância que é dada ao ensino profissionalizante em outros países.
Marquesi posta em seu blog que os americanos estão discutindo a importância dos cursos superior na vida profissional. Dentre várias colocações que foram inseridas, merece destaque a afirmação de que nos Estados Unidos os diplomas universitários simplesmente não são necessários em muitas profissões. Das 30 carreiras com maior expectativa de crescimento durante a próxima década, apenas sete costumam exigir diploma universitário, de acordo com a Agência de Estatísticas do Trabalho.
Nesse sentido, já começa a ser indagado naquele país a razão de muitos trabalhadores possuírem um diploma universitário e estar exercendo uma atividade que não se exige a graduação superior. Para alguns economistas americanos, esses trabalhadores poderiam ter investido o dinheiro gasto com sua formação superior na aquisição de algum bem, e ter recebido uma formação mais adequada à sua atividade laboral. Da mesma forma, na Alemanha, foi constatado que entre todos os estudantes alemães que foram aprovados no Abitur, o exame que permite frequentar a faculdade pagando quase nada, 40% preferiram fazer treinamentos em profissões técnicas, contabilidade, gerenciamento de vendas e computação.
Os exemplos citados servem para reforçar a tese de que precisamos com urgência repensar a educação em nosso país, oferecendo aos nossos jovens a oportunidade de buscar a formação mais adequada ao seu perfil e as necessidades do mercado de trabalho. Não se pode, ainda que louvável, pretender oferecer a todos os jovens brasileiros, a possibilidade de ingresso em um curso superior, se esse irá fornecer ao graduado habilidades e competências que não serão exigidas em certas atividades profissionais e que disponíveis no mercado de trabalho.
Concluindo, entendemos que é chegada a hora de o nosso país passar a investir no aumento da escolaridade, na capacitação em áreas estratégicas e na qualidade do ensino, para que realmente possa almejar o seu acesso entre as nações desenvolvidas e garantir o seu desenvolvimento social e econômico.
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