10 de setembro de 2010

Oh! que saudades que tenho...

O romantismo inigualável do poeta brasileiro Casemiro de Abreu, cujo início do seu poema “Meus oito anos” adotamos para título deste post, tem como objetivo demonstrar as saudades que sentimos do tempo em que nossos jovens mantinham-se interessados pela vida política do nosso país. E esse interesse se aprendia na escola, já na época do antigo ginásio, que corresponderia hoje da quinta à nona série do ensino fundamental, e se estendia até ao ensino superior. A disputa pelos cargos dos grêmios estudantis, diretórios, centros acadêmicos e até da UNE – União Nacional dos Estudantes era acirrada, transformando o aluno em um cidadão crítico e participativo.

Hoje, ao contrário daqueles tempos, nossos jovens não demonstram qualquer interesse pela política, deixando, inclusive, de fazê-la no ambiente escolar. Raro é o estabelecimento de ensino, nos seus diversos graus, que possui um órgão de representação estudantil, por meio do qual os estudantes podem aprender e participar da vida política da sua escola e fora dela. Aqueles que existem, se limitam a expedir as famosas carteirinhas para que os estudantes possam pagar meia entrada nos cinemas e em outros lugares em que elas são aceitas. No ensino superior, os alunos apenas participam dos órgãos colegiados, cuja representação é inexpressiva, passando a ser meros chanceladores das decisões que são tomadas pelos seus pares.

A história demonstra que os órgãos de representação estudantil sempre desempenharam importante papel na formação social, cultural, esportiva e política do estudante brasileiro. Na política, em especial, os estudantes sempre marcaram presença em todos os movimentos, muitos deles nascidos dentro das próprias escolas. “Diretas Já” e o impeachment do Presidente Collor, são exemplos recentes da participação estudantil marcante e decisiva na luta pela democratização do país.

É importante salientar que mesmo banidos pela legislação de exceção que perdurou durante o período da ditadura militar, os órgãos estudantis, ainda que clandestinidade, continuaram a existir, lutando pelo interesse da classe e do país. Hoje, amparados por uma legislação que lhes asseguram o direito de existirem como entidades autônomas e representativas dos interesses dos estudantes, eles deixam de cumprir o papel que lhes é reservado, sequer participando da gestão democrática da escola e como agente contagiador de manifestações populares como sempre foram.

Diante disso, podemos afirmar que o desinteresse dos estudantes em criar seus órgãos de representação estudantil ou deles participarem, é o principal fator que leva hoje os nossos jovens a não ter qualquer interesse pela política do nosso país, o que é lamentável.

E como começamos com saudades, queremos terminar com uma frase que marcou o movimento estudantil da dácada de 60:

"Sejam realistas, exijam o impossível!"




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Notas:
 A Lei n. 7.398, de 4 de novembro de 1985, trata da representação estudantil nos ensinos fundamental e médio.
 A Lei n.7.395, de 31 de outubro de 1985, trata da representação estudantil no ensino superior.

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