Sempre ouvimos falar que o brasileiro é hábil em utilizar de um processo por meio do qual ele atinge certos objetivos, a despeito de situações e/ou determinações contrárias. Tal habilidade, que consiste em conseguir driblar os obstáculos que são impostos e que poderiam impossibilitar que certos fins sejam atingidos, é conhecida como famoso “jeitinho brasileiro”.
Para muitos esse comportamento dos brasileiros demonstra que os interesses pessoais são tidos como mais importantes do que os do conjunto da sociedade, o que justifica essa postura em seu cotidiano.
Todavia, dentre aqueles autores que se dispuseram a estudar o famoso “jeitinho”, destaca-se a posição defendida por Barbosa, para o qual esse comportamento das pessoas independente da posição que elas ocupam na sociedade. Para ele, o “jeitinho também difere da malandragem, na medida em que ela pressupõe que uma pessoa prejudique outra diretamente ou leve vantagem sobre ela. Tal fato não se dá no jeitinho, pois nele se deixa de levar em conta o coletivo e não se dá o prejuízo direto de um sujeito”. (1)
Verificamos, portanto, que o famoso jeitinho brasileiro não pode ser considerado sempre um comportamento social inadequado como se costuma apregoar. Há situações em que ele é utilizado de maneira inteligente, com criatividade, permitindo chegar-se a determinado objetivo por um caminho em tese não convencional.
Esse comportamento que segundo alguns está no próprio DNA dos brasileiros, e que nada tem com a conduta ilegal, imoral que quebra regras de comportamento e leis, acontece no dia a dia em nosso país, ao obrigar o brasileiro a se flexibilizar para se adaptar mais facilmente às situações que lhes são impostas. É o fazer mais com menos, que segundo alguns consiste em driblar o ‘determinante’ para chegar no ‘possibilitante’.
Essa postura dos brasileiros mereceu, inclusive, um programa de TV (Canal Futura), que conta a história de brasileiros comuns, anônimos que usam o jeitinho pra deixar a vida desse país mais colorida, mais bonita e mais inspiradora. É a história de gente que precisa sobreviver e para isso contagia quem também está na batalha diária correndo atrás de fazer as coisas darem certo todo dia.
Segundo o site “Peça Demissão e vá trabalhar” (2), o programa revela histórias de gente que merecia ter nome de praça, colégio público, ponte, rodovia e estádio de futebol, mas mesmo não tendo nada disso são os anônimos mais ilustres do Brasil.
Como privilegiamos em nosso blog a educação, vamos relatar um caso do “jeitinho brasileiro” aplicado em uma escola:
O bom jeitinho brasileiro pode fazer a diferença. Sabendo usá-lo não faz nenhum mal.
Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: meninas de 12 anos que usavam batom, todos os dias beijavam o espelho para remover o excesso de batom.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom...
Um dia o diretor juntou o bando de meninas no banheiro e explicou pacientemente que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam. Fez uma palestra de uma hora.
No dia seguinte as marcas de batom no banheiro reapareceram...
No outro dia, o diretor juntou o bando de meninas e o zelador no banheiro, e pediu ao zelador para demonstrar a dificuldade do trabalho. O zelador imediatamente pegou um pano, molhou no vaso sanitário e passou no espelho.
Nunca mais apareceram marcas no espelho!
Notas:
(1)- BARBOSA, L. O jeitinho brasileiro. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
(2)-http://pecademissaoevatrabalhar.wordpress.com/2007/06/20/o-bom-jeitinho-brasileiro/
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