3 de fevereiro de 2011

A evasão no ensino superior brasileiro


Fala-se muito que o Brasil será em breve uma das grandes potencias mundiais, devendo ficar entre as cinco nações mais desenvolvidas. Tais previsões, no entanto, condicionam essa projeção aos investimentos que devem ser feitos em algumas áreas, com destaque na educação.

Nesse sentido, o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil, Giancarlo Summa, afirma que é necessário investir em educação para que seja alcançado o desenvolvimento humano. Segundo ele, é importante que os governos passem a tratá-la como prioridade, oferecendo uma formação a todos os profissionais de educação e valorizando a carreira do professor. "É necessário ter uma formação permanente dos professores, uma política que exija a graduação para todos os docentes já formados. É importante pagar aos docentes de forma digna, para que eles possam continuar se atualizando, comprando os livros necessários para estudar, além da necessidade de diminuir a carga horária. Quarenta horas semanais é praticamente impossível, pois queremos ter qualidade no ensino. E, para isso, é importante que não haja salas de aula com mais de 30 alunos. Deve-se aumentar o tempo que cada estudante fica na escola. Três ou quatro horas diárias apenas não são suficientes para garantir uma formação de qualidade".

Todavia, ao ler as notícias diárias dos nossos jornais, passamos a duvidar que tudo isso possa acontecer. A nossa educação não é tratada com a prioridade necessária e a falta investimentos e compromisso com as metas estabelecidas nos planos que são elaborados é uma realidade que não podemos esconder.
Recentemente a Folha de São Paulo noticiou que nos últimos dez anos cresceu o número de alunos que abandonaram o ensino superior no Brasil. Segundo aquele jornal, a proporção subiu de 18% para 27% de acordo com levantamento feito pelo pesquisador Oscar Hipólito, ex-Diretor da USP- São Carlos e membro do Instituto Lobo, com base no Censo da Educação.

Para o pesquisador citado o abandono ocorre tanto nas instituições públicas quanto nas privadas, sendo maior na segunda.

Analistas e representantes de universidades privadas afirmam que o aumento da evasão está ligado à expansão de vagas, preenchidas por alunos carentes -faixa pouco atendida até o início dos anos 2000. Para o consultor Carlos Monteiro, "A maior oferta de vagas fez cair as mensalidades e, com isso, as classes C e D entraram mais. Mas, além da mensalidade, há valores adicionais [transporte, material, alimentação] que acabam tornando o custo proibitivo".

Tal realidade demonstra que nem mesmo o festejado programa de inclusão universitária –PROUNI- foi capaz de solucionar o problema da grande evasão que ocorre no nosso ensino superior.

Segundo a revista Isto É, “Caso mudanças radicais não sejam implementadas, acelerando o processo educacional, a tão festejada prosperidade do País pode ficar fragilizada. Não basta ter dinheiro no bolso. É preciso garantir as bases do crescimento intelectual da população para o desenvolvimento econômico ser sólido e o progresso contínuo”.

Some-se a isso que outros resultados dos levantamentos que são feitos da educação do Brasil não são nada animadores. Apenas 13% dos nossos jovens, de 18 a 24 anos estão cursando o ensino superior. No Chile, nosso vizinho, 52% dos jovens são universitários. O nosso Plano Nacional de Educação (PNE) estabelecia que o Brasil iria atender 30% dessa faixa etária em 2011, o que será impossível atingir, mesmo porque de cada 100 vagas disponibilizada no ensino superior, 49 ficam ociosas.

E o problema da nossa educação começa na base. 60% das nossas crianças estão fora do ensino fundamental de nove anos (segundo o Educacenso).

Se não bastasse a questão da quantidade, a qualidade do ensino brasileiro também deixa a desejar. A posição do brasil no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), que mede o conhecimento dos jovens de 14 a 15 anos é pésssimo.
Para alguns especialistas da área a culpa reside na má formação e desvalorização do magistério. Para o Presidente da ONG – Todos Pela Educação-, tudo isso começa no acesso aos cursos superiores voltados à formação de docentes. Enquanto para ingressar em cursos de outras áreas é preciso obter uma média elevada, para os cursos de formação de professores. Em outros países, os melhores alunos disputam as vagas para a carreira de magistério.

Deve ainda ser destacado o aspecto do descolamento do que se ensina nas escolas hoje e a realidade vivida pelos estudante fora delas. Para Cristovam Buarque, Senador Federal e ex-Ministro da Educação, “os meninos de hoje nasceram assistindo efeitos especiais. A escola do quadro negro e do ditado é chata para que lida com celula, twitter e videogame fora dela”.

Por tudo isso resta-nos indagar: i- como iremos competir com as grandes nações do mundo, se hoje 10% dos brasileiros não sabem ler e escrever, enquanto na Argentina há apenas 3% e a Venezuela já conseguiu a erradicação e, ii- se não cumprimos metas tímidas de incluir nossos jovens no ensino superior , nos afastando cada vez mais dos índices já alcançados pelos nossos vizinhos da América do Sul?

Fontes:

http://www.udemo.org.br/Destaque_409_Educacao_alicerce.html









Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradecemos seu comentário. Críticas serão sempre aceitas, desde que observado os padrões da ética e o correto uso da nossa língua portuguesa.

Já chegamos ao fundo do poço?

        A crise moral, política e financeira que se abateu sobre o nosso país não nos dá a certeza de que já chegamos ao fundo do poço....