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Medicamento para parar de fumar aumenta risco cardiovascular em 72%
São Paulo - Champix - o medicamento mais usado no mundo para parar de fumar - está ligado a um aumento de 72% no risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral (AVC) ou outros problemas cardiovasculares. É o que afirma um trabalho publicado na Revista da Associação Médica Canadense. O estudo comparou fumantes sem histórico de problemas cardíacos que utilizaram o remédio com um grupo de perfil semelhante, mas que recebeu um placebo no lugar do medicamento.
A descoberta pode acrescentar mais um alerta ao produto, que já havia sido relacionado a problemas psiquiátricos - como o aumento no risco de suicídio. No início do ano, cerca de 1,2 mil usuários do remédio processaram o laboratório, alegando que tiveram episódios de depressão ou de pensamentos mórbidos provocados pela droga.
Há duas semanas, a FDA, agência americana de vigilância sanitária, solicitou à fabricante Pfizer que incluísse uma informação na bula do produto alertando para um risco ligeiramente maior de problemas cardiovasculares em pessoas que já têm histórico de doença cardíaca. A decisão se baseou em um estudo clínico com 700 fumantes.
O trabalho atual contou com 8,2 mil pacientes reunidos em 14 testes clínicos. "Esse estudo teria levantado uma bandeira de alerta se ela já não estivesse de pé", diz Celia Winchell, do Centro para Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA. A agência e a Pfizer já combinaram mais testes para avaliar os riscos cardiovasculares do Champix.
O produto é vendido em 99 países. No mundo, cerca de 13 milhões de pessoas receberam prescrição do remédio, um mercado de US$ 775 milhões (R$ 1,2 bilhão), só no ano passado.
A Pfizer, em nota à imprensa, disse que a análise divulgada reúne um número muito pequeno de eventos cardiovasculares para sustentar qualquer conclusão sobre os riscos do medicamento. E acrescentou que o Champix trouxe benefícios imediatos e substanciais à vida de fumantes que abandonaram o cigarro.
Os autores do estudo adotam uma postura extremamente crítica. "É mais uma evidência", afirma Curt Furberg, professor do Centro Médico Batista de Wake Forest, nos EUA. "Não vejo como a FDA pode deixar o Champix no mercado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo com The New York Times.
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