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Milhares
de palavras nasceram por meio da simples adição de um prefixo de negação a uma
palavra já existente. Dois exemplos de fácil reconhecimento são feliz-infeliz e
prazer-desprazer. Mas, quando nos deparamos com palavras que claramente
seguiram essa regra, como insosso, analgésico e desaforo, vem a pergunta: o que
aconteceu com sosso, algésico e aforo? Será que ainda existem em estado de
hibernação?
Imenso.
Qualquer coisa tão grande que nem podia ser medida ou calculada era chamada em
latim de immensus, não-mensurável. Menso não existe em português, mas mensura
sim é o ato de medir.
Incauto.
Cauto existe, e quer dizer precavido, mas praticamente sumiu na poeira dos
velhos textos. Sobrou cautela, a qualidade de quem é cauto, e também incauto,
que veio diretamente do latim incardus, descuidado.
Implacável.
Nada a ver com placas de trânsito ou propaganda. Em latim, placabilis era
disposto a perdoar e esse é o sentido da palavra placável.
Implacável
é o artilheiro do futebol, que não perdoa, ou o zagueiro que faz a marcação sem
piedade.
Insosso.
Em latim, sulsus era gosto e insulsus acabou por designar a falta do ingrediente
mais usado - sem sal. Hoje, insulso existe em português, com o mesmo sentido de
insosso, mas sulso já desapareceu e sosso nunca existiu.
Incógnito.
O original cógnito existe em português, e veio do latim cognitus, conhecido.
Poderíamos dizer "Fulano preferiu permanecer cógnito", mas soaria
estranho. Só o incógnito, aquele que ninguém sabe quem é, continua sendo
mencionado.
Indelével.
Começa com o verbo latino delere, apagar ou remover - que a informática
recuperou em deletar. Delebilis era o que podia ser apagado e indelebilis era
aquela mancha que não saía de jeito nenhum. Tanto delével quanto indelével
sobrevivem até hoje.
Analgésico.
O nome mais nobre para os milhões de comprimidos vendidos anualmente no Brasil
veio do latim álgesis, sensação de dor.
Atualmente,
algesia é um termo médico para dor, mas algésico não consta no dicionário. Só
sua negação, o analgésico.
Anemia.
Popularmente, quer dizer fraqueza. Em grego, haimas era sangue, e daí vêm as
palavras que começam com hemo - hemodiálise ou hemorragia, por exemplo. Anaimia
era falta de sangue em grego e gerou anemia.
Emia,
que, teoricamente, seria com sangue, tornou-se uma terminação muito usada para
designar estados clínicos relacionadas a fatores sanguíneos, como em
hipoglicemia e isquemia.
Desaforo.
Foro ainda significa um direito ou privilégio que uma pessoa tem e também o
local onde uma desavença é resolvida - o fórum. Antigamente, aforar era pagar
um aluguel ao proprietário. Quando o devedor dava o calote, ele desaforava. A
palavra acabou ganhando amplitude e se tornou sinônima de qualquer tipo de
insolência ou desrespeito.
Inusitado.
Palavra que derivou de uso e quer dizer pouco comum. Portanto, usitado seria
bastante comum. E é mesmo, embora seu uso já não seja mais tão usitado quanto foi
um dia, tendo sido substituído por usual.
Inédito.
Com um pouco de boa vontade, percebe-se que esse édito significa editado. Mas
édito é hoje uma palavra usada apenas em linguagem jurídica. Já o antônimo
inédito está forte e sacudido e se refere a qualquer obra ainda não publicada.
Impassível.
Alguém que não demonstra sentimentos nem paixão -. e essa é a origem da
palavra. Então, se impassível é quem não tem paixão, um apaixonado seria alguém
passível? Por incrível que pareça, sim. Embora mais usada em linguagem policial
- "Fulano é passível de punição" -, a palavra passível também denota
a pessoa capaz de experimentar boas ou más sensações.
Imune.
Aquele que está protegido contra alguma coisa, como uma doença ou uma ação
criminal. Em latim, munis era apto a desempenhar um trabalho ou função e
immunis, quem era liberado dessa responsabilidade. Não parece, mas a palavra
original - munus, que derivou de uma raiz indo-europeia que significava troca -
está contida não apenas na imunidade, mas também em comunicação, remuneração e
município.
Imberbe.
Quem ainda não tem barba. E quem tem, seria berbe? Não. Berbe é a única, dentre
as centenas de palavras derivadas do latim barba, que tem um "e" na
primeira sílaba.
Inócuo.
Em latim, nocere era ferir e nocuus, qualquer coisa que podia machucar. Inócuo
é o contrário, algo que prejudica, física ou psicologicamente. A palavra nócuo
existe em português. Assim como nocivo quer dizer danoso.
Insólito.
Solitus, em latim, era habituado, acostumado. A palavra sólito tem o mesmo
sentido original. Insólito é o que foge do padrão, algo não frequente. Pode-se
dizer (por enquanto) que casamentos são sólitos e divórcios, insólitos.
Desdenhar.
Uma palavra que passou por razoável transformação fonética e deixou poucas
pistas sobre o que seria o denhar - que significa dignar. Em latim, dignare era
tratar com dignidade e dedignare - que acabou virando desdenhar - era faltar
com o devido respeito.
Intacto.
Tangere era tocar em latim. Intactas era algo que não havia sido tocado. Em
português, intacto continua sendo intocado. A palavra tacto existiu no século
XVIII, mas depois perdeu o "c" e virou tato, ação de tocar. Embora
praticamente nunca seja usado, intato também existe em português.
Desinfeliz.
Uma palavra curiosa é desinfeliz. Parece alguém que ficou infeliz e depois
recuperou a felicidade. Mas o desinfeliz continua sendo um infeliz, só que um
pouquinho menos.
fonte:
http://groups.google.com/group/bons_amigos/t/2899105237652eb0
Crédito:
Recebi
por e-mail de Mariza Brandimarti
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