26 de fevereiro de 2012

CURIOSIDADE DA LÍNGUA PORTUGUESA



Crédito Imagem - ipam.ro.gov.br





Milhares de palavras nasceram por meio da simples adição de um prefixo de negação a uma palavra já existente. Dois exemplos de fácil reconhecimento são feliz-infeliz e prazer-desprazer. Mas, quando nos deparamos com palavras que claramente seguiram essa regra, como insosso, analgésico e desaforo, vem a pergunta: o que aconteceu com sosso, algésico e aforo? Será que ainda existem em estado de hibernação? 

Imenso. Qualquer coisa tão grande que nem podia ser medida ou calculada era chamada em latim de immensus, não-mensurável. Menso não existe em português, mas mensura sim é o ato de medir. 

Incauto. Cauto existe, e quer dizer precavido, mas praticamente sumiu na poeira dos velhos textos. Sobrou cautela, a qualidade de quem é cauto, e também incauto, que veio diretamente do latim incardus, descuidado. 

Implacável. Nada a ver com placas de trânsito ou propaganda. Em latim, placabilis era disposto a perdoar e esse é o sentido da palavra placável.

Implacável é o artilheiro do futebol, que não perdoa, ou o zagueiro que faz a marcação sem piedade. 

Insosso. Em latim, sulsus era gosto e insulsus acabou por designar a falta do ingrediente mais usado - sem sal. Hoje, insulso existe em português, com o mesmo sentido de insosso, mas sulso já desapareceu e sosso nunca existiu. 

Incógnito. O original cógnito existe em português, e veio do latim cognitus, conhecido. Poderíamos dizer "Fulano preferiu permanecer cógnito", mas soaria estranho. Só o incógnito, aquele que ninguém sabe quem é, continua sendo mencionado. 

Indelével. Começa com o verbo latino delere, apagar ou remover - que a informática recuperou em deletar. Delebilis era o que podia ser apagado e indelebilis era aquela mancha que não saía de jeito nenhum. Tanto delével quanto indelével sobrevivem até hoje. 

Analgésico. O nome mais nobre para os milhões de comprimidos vendidos anualmente no Brasil veio do latim álgesis, sensação de dor.

Atualmente, algesia é um termo médico para dor, mas algésico não consta no dicionário. Só sua negação, o analgésico. 

Anemia. Popularmente, quer dizer fraqueza. Em grego, haimas era sangue, e daí vêm as palavras que começam com hemo - hemodiálise ou hemorragia, por exemplo. Anaimia era falta de sangue em grego e gerou anemia.

Emia, que, teoricamente, seria com sangue, tornou-se uma terminação muito usada para designar estados clínicos relacionadas a fatores sanguíneos, como em hipoglicemia e isquemia. 

Desaforo. Foro ainda significa um direito ou privilégio que uma pessoa tem e também o local onde uma desavença é resolvida - o fórum. Antigamente, aforar era pagar um aluguel ao proprietário. Quando o devedor dava o calote, ele desaforava. A palavra acabou ganhando amplitude e se tornou sinônima de qualquer tipo de insolência ou desrespeito. 

Inusitado. Palavra que derivou de uso e quer dizer pouco comum. Portanto, usitado seria bastante comum. E é mesmo, embora seu uso já não seja mais tão usitado quanto foi um dia, tendo sido substituído por usual. 

Inédito. Com um pouco de boa vontade, percebe-se que esse édito significa editado. Mas édito é hoje uma palavra usada apenas em linguagem jurídica. Já o antônimo inédito está forte e sacudido e se refere a qualquer obra ainda não publicada.  

Impassível. Alguém que não demonstra sentimentos nem paixão -. e essa é a origem da palavra. Então, se impassível é quem não tem paixão, um apaixonado seria alguém passível? Por incrível que pareça, sim. Embora mais usada em linguagem policial - "Fulano é passível de punição" -, a palavra passível também denota a pessoa capaz de experimentar boas ou más sensações.  

Imune. Aquele que está protegido contra alguma coisa, como uma doença ou uma ação criminal. Em latim, munis era apto a desempenhar um trabalho ou função e immunis, quem era liberado dessa responsabilidade. Não parece, mas a palavra original - munus, que derivou de uma raiz indo-europeia que significava troca - está contida não apenas na imunidade, mas também em comunicação, remuneração e município. 

Imberbe. Quem ainda não tem barba. E quem tem, seria berbe? Não. Berbe é a única, dentre as centenas de palavras derivadas do latim barba, que tem um "e" na primeira sílaba. 

Inócuo. Em latim, nocere era ferir e nocuus, qualquer coisa que podia machucar. Inócuo é o contrário, algo que prejudica, física ou psicologicamente. A palavra nócuo existe em português. Assim como nocivo quer dizer danoso. 

Insólito. Solitus, em latim, era habituado, acostumado. A palavra sólito tem o mesmo sentido original. Insólito é o que foge do padrão, algo não frequente. Pode-se dizer (por enquanto) que casamentos são sólitos e divórcios, insólitos. 

Desdenhar. Uma palavra que passou por razoável transformação fonética e deixou poucas pistas sobre o que seria o denhar - que significa dignar. Em latim, dignare era tratar com dignidade e dedignare - que acabou virando desdenhar - era faltar com o devido respeito.

Intacto. Tangere era tocar em latim. Intactas era algo que não havia sido tocado. Em português, intacto continua sendo intocado. A palavra tacto existiu no século XVIII, mas depois perdeu o "c" e virou tato, ação de tocar. Embora praticamente nunca seja usado, intato também existe em português. 

Desinfeliz. Uma palavra curiosa é desinfeliz. Parece alguém que ficou infeliz e depois recuperou a felicidade. Mas o desinfeliz continua sendo um infeliz, só que um pouquinho menos. 

fonte: http://groups.google.com/group/bons_amigos/t/2899105237652eb0

Crédito:

Recebi por e-mail de Mariza Brandimarti

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