Pedro Gilberto Gomes, Pró-Reitor da
Unisinos, fez uma análise do último resultado do último exame da OAB para o
jornal Zero Hora, Porto Alegre – RS. No exame, agora realizado com prova
unificada em nível nacional, 80% dos candidatos inscritos na 1ª fase foram
reprovados. Aquele Pró-Reitor questiona: “O que a OAB deseja?”
Para ele existe uma corrente que, diante
desse e de outros resultados daquela avaliação, afirmam que “os cursos de Direito no
Brasil primam pela mediocridade. Certa está a Ordem em propor que se fiscalizem
com mais rigor as Instituições de Ensino Superior que possuem Bacharelado em
Ciências Jurídicas no país. De fato, é necessário realizar uma séria avaliação,
bem como dar um basta à expansão desenfreada desses cursos”.
Por outro lado, ele
afirma que quando em uma avaliação muitos são reprovados, mister se faz
analisar outros fatores e não apenas creditar o fracasso ao desempenho dos
avaliados e aos seus cursos jurídicos.
Penso
da mesma forma, e ainda adiciono outro aspecto que fugiu da observação daquele
articulista: dentro dos 80% dos reprovados, muitos são os candidatos dos mais
renomados e tradicionais cursos de Direito do Brasil.
Se o
exame fosse tão básico como proclama a OAB, tais cursos deveriam aprovar 100%
dos seus egressos. Ou não?
Apenas
para demonstrar isso, vemos verificar que nos últimos exames o índice de
aprovação não passa de 70%!!!
Não sou
a favor do fim do exame, mas creio que ele deveria repensado. De plano, a prova
deveria ser elaborada por uma comissão de juristas e professores, sem qualquer
vinculo com os quadros diretivos OAB (Federal ou Estadual), para que seja
afastada a tese de que aquela avaliação tem no seu bojo outros fins como alegam
aqueles que o contestam.
Vejam
que tal prática já é adotada em alguns países. No
Japão, Alemanha e Suíça, por exemplo, órgãos estatais são os responsáveis pela
avaliação e não conselhos de classe.
Já nos Estados Unidos, os estudantes
precisam procurar conselhos estaduais de examinadores de acordo com a
jurisdição em que pretendem atuar (as regras podem variar também em cada uma).
Além disso, há provas específicas para tribunais. E os advogados precisam se
reciclar de tempos em tempos, inclusive passando por novos testes.
Na França, os recém-formados precisam ter
um diploma na área e fazer um ano e meio de formação específica em Centros
Regionais de Formação Profissional de Advogado. Porém, é preciso passar em um
exame (há até curso específico preparatório durante a graduação) para estudar
nessas instituições, cujas tentativas são limitadas a três.
Segundo o site Último Segundo – Educação,
“Atuar como advogado em alguns países europeus, Japão e Estados Unidos não
é uma tarefa simples. As regras variam um pouco entre eles, mas os candidatos
precisam apresentar diploma de curso superior em Direito, passar por exames,
fazer estágios e, em alguns casos, residência na área. Há os que exigem também a
aprovação em provas para atuar em cada tipo de tribunal. Poucos são os que
liberam a atuação do profissional assim que ele se forma”.
No Brasil tramita pelo Congresso
Nacional uma grande quantidade de projetos que pedem o fim do Exame de Ordem.
Da mesma maneira, o Supremo Tribunal Federal, em decisão recente, apesar de declarar a constitucionalidade do exame, deixou claro que ele precisa ser repensado.
Apesar da defesa da
necessidade do Exame de Ordem para selecionar profissionais qualificados, os
ministros do STF, Luiz Fux e Gilmar Mendes fizeram críticas ao formato usado
pela OAB atualmente. “Se o problema está com a forma do Exame de Ordem, deve-se
atacar não sua constitucionalidade, mas a própria lei que o regula”, propôs
Fux.
Já para o ministro Gilmar Mendes, “É preciso que haja abertura
para o controle social do exame, para que ele cumpra a sua função, a sua missão
institucional”, disse Gilmar Mendes”.
Acredito que o Exame de Ordem não vai
deixar de ser exigido no Brasil. Mas que ele precisa mudar a sua maneira de
aplicação isso é inquestionável.
Gostaria de ouvir a opinião dos meus
leitores.
Comentem.
Prezado Professor Dr. Benedito
ResponderExcluirPenso que a solução não é tão simplista assim, considerando que passar o exame da Ordem para outras mãos, sejam quais forem, teríamos outros interesses também a nos preocupar. Esse é um debate que deveria estar em alguns foruns afetos ao assunto para se refinar os encaminhamentos dessa questão.
Professor Dr. Benedito,boa tarde.
ResponderExcluirEstou estudando sobre o índice de reprovação do Exame da Ordem e sua relação com o ensino aprendizagem das Instituições de Ensino Superior e concordo com o seu posicionamento. O Exame da Ordem é necessário, contudo não está sendo realizado de forma satisfatória, pois não mede o conhecimento do graduando para o seu cotidiano. Os examinadores realizam provas voltadas às pegadinhas de concurso e não o aprendizado em si. Se possível, aproveito esta oportunidade para solicitar ao senhor o envio de dados de pesquisas realizadas por órgãos oficiais sobre o Exame da Ordem para o email martha-alencar@hotmail.com. Desde já agradeço.