22 de julho de 2010

O nosso aluno não é um leitor competente







O ensino superior no Brasil, especialmente aquele mantido pela iniciativa privada, tem sido alvo de muitas críticas. Em razão disso, intenso é o debate sobre esse tema e muitas teorias já foram apresentadas para justificar esse insucesso. Uma delas, que reputamos a mais importante, ainda não mereceu a atenção daqueles que têm a responsabilidade de gerir o ensino neste país. Reportamo-nos à formação adquirida pelo aluno brasileiro nos ensinos fundamental e médio, em grande parte oriundo do ensino público, que não o transforma em um leitor competente . Sem o domínio da leitura e da escrita, esse aluno sente enorme dificuldade de adaptação no ensino superior.

Nacir Abdala salienta , com muita propriedade, afirma que, “A importância do ato de aprender a ler e a escrever está fundamentada na idéia de que o homem se faz livre por meio do domínio da palavra. O uso da linguagem é tão importante que a linha do tempo divide a história em antes e depois da escrita”.

Essa falta de competência e habilidade de ler e de escrever do aluno brasileiro tem sido comprovada nas avaliações que o próprio Ministério da Educação realiza periodicamente. Nas avaliações internacionais que participa, o nosso aluno é considerado um analfabeto funcional.

Apesar dessa constatação irrefutável, somente agora, e com prazo até 2020, é que nossas escolas passam a ser obrigadas a instalar bibliotecas. Enquanto isso acontece aqui em nosso país, as inovações que a cada dia a tecnologia disponibiliza para uso do ser humano já começa a indicar que o fim do livro tradicional está próximo, devendo a sua substituição por novas engenhocas oferecer aos leitores inúmeras outras vantagens.

Ainda que possamos entender de que é preciso ainda um tempo maior para que o fim do livro impresso aconteça, não podemos duvidar, por outro lado, que até 2020 ele já tenha realmente desaparecido, em razão da velocidade espantosa com que tudo acontece no mundo tecnológico do presente.

Já que falamos em avanço da tecnologia, vale citar que a importância do hábito de ler foi demonstrada de forma muito feliz por Bill Gattes, um dos pioneiros da revolução do computador pessoal. Ao ser perguntado se seus filhos teriam computadores, ele respondeu: “É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros”.

Assim, considerando que a moderna metodologia não deve mais ser aquela que faz do aluno um mero receptor de conhecimentos que lhes são transmitidos, ouvintes de soluções prontas, e sim aquela que o transforma em agente ativo, capaz de dominar o método científico e não apenas o conhecimento já existente, esse aluno precisa ser urgentemente preparado para dominar a arte de ler e escrever. Para que isso venha ocorrer é preciso uma reflexão por parte de todos os professores e não somente daqueles que têm a incumbência de ministrar aulas de língua portuguesa.

Nacir Abdala, já citado anteriormente, leciona que “escrever bem requer esforço e dedicação do aluno, mas também a orientação e a mediação segura do professor. Para se construir compreensão do ato de ler e escrever cabe, pois, avaliar o papel do aluno na construção da leitura e da escrita e sua percepção do processo, bem como o papel do professor e sua percepção no desenvolvimento da habilidade de escrever e ler e no processo de produção textual na escola”.
Desta forma, é imprescindível que o aluno chegue ao ensino superior dotado da capacidade de ler e escrever para que possa ter acesso às informações de que precisará para adquirir uma formação profissional e poder exercê-la quando formado. Com isso, segundo Nacir Abdala, sua participação social se efetivará, pois é por meio da linguagem (oral e escrita) que o homem se comunica, tem acesso às informações, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz conhecimentos.

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