31 de janeiro de 2011

Autoria de texto publicado




Publicamos recentemente um post com o título "Quem sou eu?", cujo texto recebemos por e-mail. Na oportunidade não fomos informados quem seria o autor do mesmo e por essa razão não lhe demos os créditos.

Recebemos hoje, de uma amiga, Profa. Ms.  Berta Lúcia (Presidente Prudente), um e-mail contendo um texto cuja  autoria é citada e que deve ter dado origem àquele outro.

Por essa razão, temos o dever de publicá-lo. 

Quero voltar a ser eu

Eu, que era eu _ sim, porque eu já fui eu _, cheguei à triste conclusão de que não sou mais eu. Meu nome, que, por isso mesmo, já esqueci, não interessa a mais ninguém. Para um médico, por exemplo, apenas o cliente. Num restaurante, sou freguês. Quando alugo uma casa, viro inquilino. Na condução, passageiro. Nos correios, sou remetente. Num supermercado, consumidor. Para o imposto, sou contribuinte; com o prazo vencido, viro inadimplente. Para votar, sou eleitor; mas, num comício, sou massa. Viajar? Viro turista. Na rua, caminhando, sou pedestre; se me atropelam, sou acidentado; no hospital, paciente; para os jornais, sou vítima. Se compro um livro, viro leitor; para o rádio sou ouvinte; para o Ibope, espectador; e, para o futebol, eu que já fui torcedor, virei galera. [...]

Já sei que, quando eu morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome. Vão me chamar de “o finado”, “o extinto”, “o falecido”, e, em certos círculos, até de “o desencarnado”. Só espero que o padre, na missa de sétimo dia, não me chame de “o sucumbido”. Logo a mim, que, no meu apogeu, já fui mais eu.

Max Nunes. O pescoço da girafa. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.






Um comentário:

  1. Recebi por e-mail o seguinte comentário -Gostei da diferença entre plágio e pesquisa! Essa é ótima! Eu sempre acesso o blog. Continue enviando, por favor, pois me mantenho atualizada. Sobre o texto, quando li percebi que conhecia e fui buscar em meus arquivos. Gostava de ler ele com os alunos iniciantes em Secretariado quando estudávamos um conteúdo sobre papéis sociais e eu sempre comparava com o poema "Retrato", de Cecília Meireles. Berta Lúcia.

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Já chegamos ao fundo do poço?

        A crise moral, política e financeira que se abateu sobre o nosso país não nos dá a certeza de que já chegamos ao fundo do poço....