Imagem meramente ilustrativa
Apesar de toda a discussão em torno do livro aprovado pelo MEC de que hoje não se deve corrigir mais erros da nossa língua, num verdadeiro "vale-tudo", ainda creio que devemos procurar errar menos ao falar e a escrever. A norma culta deve prevalecer sempre.
Para tanto, segue mais uma brilhante orientação da Profa. Thaís Nicoleti, consultora de língua portuguesa da Folha e da Folha.com.
Horas, manhã e madrugada
Antes da indicação de horas, é obrigatório o emprego do artigo, mas é necessário observar que esse artigo deve concordar com a hora em questão. Não se diz “às uma hora” nem “às zero hora”, por exemplo.
Vejamos o que ocorre no fragmento abaixo:
Vejamos o que ocorre no fragmento abaixo:
“Ambos estavam algemados durante a leitura da sentença, às 0h25. Nardoni recebeu a pena de forma impassível e Jatobá, chorou pouco. (...) Eles chegaram ao local por volta das 3h da manhã deste sábado.”
O redator usou o artigo feminino plural antes de “zero”, contradizendo o princípio da concordância nominal (nomes concordam em gênero e número). A leitura da sentença do casal Nardoni deu-se, portanto, à 0h25 – ou aos 25 minutos da madrugada de hoje.
O redator usou o artigo feminino plural antes de “zero”, contradizendo o princípio da concordância nominal (nomes concordam em gênero e número). A leitura da sentença do casal Nardoni deu-se, portanto, à 0h25 – ou aos 25 minutos da madrugada de hoje.
Madrugada ou manhã? Essa é outra questão suscitada pelo fragmento. É comum na linguagem informal o uso indistinto das duas palavras, mas há uma diferença entre elas. A manhã só tem início com o nascer do sol, que, por isso mesmo, é o amanhecer. O período compreendido entre a zero hora e o nascer do sol é o que se chama madrugada. Assim, não existe 1h da manhã, 2h da manhã, 3h da manhãetc. O ideal é considerar a seguinte divisão do dia: da 0h às 6h, temos a madrugada; das 6h às 12h, a manhã; das 12h às 18h, a tarde; das 18h às 24h, a noite.
Recomenda-se nos textos jornalísticos que se empregue apenas a hora (sem os termos manhã, madrugada, tarde, noite), observando que nunca se diga “1h” no lugar de “13h”, “10h” no lugar de “22h” e assim por diante. Dizemos, então, que o espetáculo tem início às 21h (não às 9h da noite!), que o crime ocorreu por volta das 22h (não por volta das 10h da noite!) – e assim por diante.
Ocorre, porém, que esse tipo de notação é bastante formal e nem sempre coincide com o modo como as pessoas se expressam em situações corriqueiras. Em texto mais informal, é possível usar os termos madrugada, manhã, tarde e noite depois das horas, mas é necessário observar a distinção entre eles.
No trecho acima, o redator colocou uma infeliz vírgula entre o sujeito e o predicado: “Jatobá, chorou”. Pecado mortal da pontuação. Na verdade, Jatobá chorou um pouco. Simples assim. Veja abaixo a correção:
Ambos estavam algemados durante a leitura da sentença, à 0h25. Nardoni recebeu a pena de forma impassível e Jatobá chorou um pouco. (...) Eles chegaram ao local por volta das 3h da madrugada deste sábado.
Fonte:
O texto acima é de Thaís Nicoleti, publicado no Uol-Educação, Dicas de Português
Veja a matéria original:
Nota:
Vamos encerrar com Rui Barbosa:
"A degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamento da própria língua".
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