6 de julho de 2011

REPERCUSSÕES DO ÚLTIMO RESULTADO DO EXAME DA OAB


Vejam como repercutiu os resultados do último Exame da OAB.


OAB: governo é irresponsável ao liberar mais cursos de Direito

 O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, afirmou nesta terça-feira que ainda está "assustado" com o resultado do Exame de Ordem, divulgado pela entidade ontem, e criticou o governo federal pela qualidade do ensino superior.

"Lamentavelmente, isso é um reflexo do ensino jurídico do Brasil e da irresponsabilidade governamental de liberar mais cursos. Só na gestão da presidenta Dilma Rouseff já foram liberados mais 33. Temos cerca de 200 mil cursos e não há efetivamente mestres e doutores para preparar esses alunos", disse Cavalcante.

Das 610 instituições de ensino que participaram do último exame, 90 não tiveram nenhum aluno aprovado - e todas elas são privadas. No total, 88% dos 106 mil inscritos foram reprovados na prova, realizada em dezembro de 2010.

Os dados mostram que são as universidades públicas que mais aprovam no exame. As cinco instituições com maior índice de aprovação foram a Universidade de Brasília (UnB) (67,44%), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) (67,35%), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (65,32%), Universidade de São Paulo (USP) (63,46%) e Universidade Federal do Piauí (UFPI) (60,98%). Na lista também aparece a Faculdade Alvorada de Maringá, que teve apenas um estudantes inscrito e aprovado, o que significa 100% de aprovação.

Em termos absolutos, a campeã em alunos aprovados foi a Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro: 390 passaram. Em seguida, aparecem a Universidade Presbiteriana Mackenzie (Mackenzie-SP), a Universidade Paulista (Unip-SP), a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e a de São Paulo (PUC-SP). Todas as cinco instituições que obtiveram o maior número de bacharéis habilitados para atuar no mercado são particulares.

"As privadas têm um número excessivo de vagas para oferecer. Então, em número absoluto, elas colocam mais bacharéis no mercado, mas perdem em percentual de aprovação para aquelas que têm um número menor de alunos e condições de oferecer um ensino melhor", disse Cavalvante.

Desde 2007, o Ministério da Educação (MEC) suspendeu cerca de 34 mil vagas em cursos de Direito em função dos resultados ruins obtidos nas avaliações da pasta. Este ano foi anunciado o corte de 11 mil vagas de 136 cursos. Mas Ophir afirma que, ao mesmo tempo em que reduziu, a pasta autorizou a criação de 4,2 mil vagas em 33 novo cursos.

"Se as instituições de ensino corrigirem as falhas, as 11 mil vagas suspensas podem ser reincorporadas. E aí terão mais 4 mil. Ele tira com uma mão e dá com a outra. A OAB não concorda com essa postura, que não é transparente nem republicana", disse o presidente da entidade.

Para tirar o registro profissional e trabalhar como advogado, o estudante que conclui o curso de Direito precisa ser aprovado no exame da OAB. Dos 106 mil inscritos, apenas 25% passaram da primeira etapa e 11,7% conseguiram o resultado satisfatório na segunda fase.

Fonte: Terra - Educação

Jurista defende educação a distância para melhorar cursos de Direito

O jurista Ives Gandra da Silva Martins, professor emérito da Universidade Mackenzie, de São Paulo, afirmou nesta terça-feira que não adianta cortar vagas em cursos de Direito mal avaliados, como defende a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para melhorar o ensino superior. Segundo Martins, a melhor forma de garantir a qualificação dos bacharéis é investir em cursos a distância.

"Para reverter os baixos índices de aprovação no Exame de Ordem é preciso incentivar os cursos a distância. A demanda pelo Direito não vai reduzir, então não adianta só cortar as vagas, é importante garantir a qualidade", disse em entrevista ao Terra. O jurista defende que um dos problemas é oferecer o ensino longe dos grandes centros urbanos, já que os professores altamente qualificados dificilmente estão nesses locais.

"Se eu tenho uma faculdade distante dos grandes centros, é obvio que eu tenho mais dificuldade de ter professores capacitados". De acordo com ele, dispor de profissionais preparados para o ensino do Direito é fundamental para a formação dos bacharéis. Portanto, a ideia seria oferecer graduações a distância, onde os alunos receberiam nas suas cidades todo o conteúdo necessário dos professores localizados nas capitais. Segundo ele, o ideal é que somente as provas fossem presenciais.

Martins afirma ainda que as faculdades públicas são insuficientes no País e que esse trabalho poderia ser desenvolvido por instituições privadas, desde que oferecessem um corpo docente altamente qualificado.

Questionado sobre a metodologia da prova da OAB, o jurista afirma que o problema não é o exame, mas o que os alunos aprendem na faculdade. "Hoje vemos cursos demasiadamente teorizados, com pouca prática. Os alunos saem da faculdade sem condições de fazer exercícios práticos, como a prova da OAB". Segundo ele, os problemas de formação tornam-se evidentes em outros exames. "Para ser juiz hoje no Brasil, cerca de 1% passam na prova. Na OAB são quase 10%, ainda é muito se comparado com outros exames".

Resultados do Exame de Ordem

A OAB divulgou nesta terça-feira a lista das 90 instituições de ensino superior com aprovação zero no último Exame de Ordem. A seleção, realizada em dezembro de 2010, reprovou 88,275% dos 106.891 bacharéis em Direito inscritos. Do total de candidatos, apenas 12.534 foram aprovados.

Nesta terça-feira, o presidente da OAB, Ophir Cavalcante disse que o maior problema é a quantidade de cursos mal avaliados em funcionamento no País. "Lamentavelmente, isso é um reflexo do ensino jurídico do Brasil e da irresponsabilidade governamental de liberar mais cursos. Só na gestão da presidenta Dilma Rouseff já foram liberados mais 33. Temos cerca de 200 mil cursos e não há efetivamente mestres e doutores para preparar esses alunos", disse Cavalcante.

Fonte: Terra - Educação

É um crime

A divulgação da lista das faculdades que não aprovaram nenhum aluno no exame da OAB é apenas o lado ainda mais escandaloso de um escândalo: jovens passam anos pagando mensalidades (em geral vindos de famílias mais pobres) e, no final, têm de jogar o diploma fora. Deveria ser um crime contra o direito do consumidor.

O escândalo maior é que a maioria não passa, cerca de 90% dos candidatos. O que revela um drama educacional geral, desde o ensino básico, agravando-se na faculdade. É gente que sequer sabe ler um texto direito. Muitas faculdades são obrigadas a dar aulas de português.
 
O escândalo poderia ser ainda maior se todas as profissões exigissem semelhante exame ao do OAB. Os poucos que existem - medicina, por exemplo - já são uma tragédia.
 
Difícil ver maior crime educacional do que tirar durante anos dinheiro dos alunos das classes mais pobres e transformá-lo em lixo - exceto, claro, para os donos das faculdades.
 
Autor do texto -  Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras.
 
Fonte: Folha on line

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Já chegamos ao fundo do poço?

        A crise moral, política e financeira que se abateu sobre o nosso país não nos dá a certeza de que já chegamos ao fundo do poço....