Já postamos várias vezes neste blog a respeito da
baixa remuneração e da desvalorização da carreira docente no Brasil, pois
acreditamos que sem isso o ensino brasileiro continuará ostentando baixos
índices de qualidade nas avaliações a que é submetido.
O Ministério da Educação tem procurado de todas as
formas reverter o caótico estado da nossa educação, sem, contudo, atacar a
principal causa, valorização do professor.
Trago hoje para os leitores deste blog um artigo
do Prof. Paulo Guiraldelli,Jr, 54, é filósofo com doutorado pela USP, professor
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e autor de "A Aventura
da Filosofia" (editora Manole), publicado no portal da CM Consultoria.
Vamos ao texto:
A melhoria da qualidade do ensino dependeria, entre outras coisas, "do número de horas por ano que a criança fica exposta ao professor". Isso é verdade?
Estudos internacionais confirmam isso. Mas é aí que mora o demônio: para que o tempo de exposição do aluno à radiação professoral seja efetivamente benéfico o professor deve ser um bom professor.
Bem, se é assim, então a ideia do MEC é boa, mas está amarrada ao mesmo tronco que prende as possibilidades de outras ideias interessantes. Eis o tronco: valorização financeira da atividade do magistério, de modo a fazer com que nela permaneçam os melhores.
Mas, enfim, o que estou chamado de outras ideias interessantes? O governo do Estado de São Paulo tomou duas medidas corretas em relação ao ensino público.
Primeiro, fez concurso para o ingresso na carreira do magistério premiando antes os candidatos com melhor nota que aqueles com mais tempo de serviço.
Segundo, colocou esses professores concursados em um curso semestral de especialização, livres de qualquer outra incumbência e recebendo seus salários regularmente. E a secretaria paulista promete mais: tem dito - mesmo contra vozes conservadoras dentro e fora do governo- que quer reformular a grade curricular do ensino médio no sentido de um maior equilíbrio entre as disciplinas, e deseja dar mais opção de escolha de áreas aos alunos do terceiro e último ano.
A
proposta é certeira: as ciências naturais e as humanidades não podem ficar com
um número de horas-aula muito diminuto, a ponto de tais disciplinas não terem
como colaborar com a formação geral do jovem brasileiro.
Afinal,
em um país como o nosso, que cresce em empregos principalmente no setor de
serviços, a profissionalização do jovem se dá antes de tudo pela ampliação de
sua cultura geral e menos pela aquisição de estreita habilidade técnica.
Resta
agora ao Estado de São Paulo ficar atento ao obstáculo que pode infelicitar,
também, a boa ideia do governo federal de aumento da carga horária escolar. Ou
seja, eis aqui nós todos no mesmo lugar: há de se valorizar financeiramente a
carreira do magistério, de modo a segurar em sala de aula os melhores
professores.
Quero
crer que as aspirações políticas do governador Alckmin sejam o suficiente para
que ele tome ciência e consciência disso. Outros políticos do Estado de São
Paulo, que trataram mal os professores, tiveram resposta dura nas urnas.
Resumindo:
ideias para melhorar o ensino brasileiro e torná-lo mais parecido com o que se
faz nos países desenvolvidos não faltam, no entanto, todas elas estão cada vez
mais dependentes de um único ponto: em termos de política, o magistério não
pode ser visto como um trabalho movido antes pelo célebre "amor às
crianças" que pelo útil dinheiro no bolso do trabalhador, no caso, o
professor.
Dia15 de outubro, p.p, o governo de São Paulo lançou um programa visando a melhoria da
qualidade do ensino no estado. Denominado “Educação – Compromisso de São Paulo”,
a iniciativa conta com valioso apoio de diversas
organizações e instituições, como Fundação Natura, Fundação Victor Civita,
Fundação Lemann, MSC Participações, Instituto Unibanco, Comunidade Educativa
Cedac, Instituto Hedging-Griffo, Fundação Itaú Social, Itaú BBA, Iguatemi,
Santander, Tellus, Parceiros da Educação, Fundação Educar Dpaschoal e Fundação
Bradesco.
Dentre outros objetivos, o programa
visa justamente a valorização da carreira do magistério.
Resta esperar pelos resultados.
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